quinta-feira, 2 de julho de 2009

Em homenagem ao meu querido esposo

Medos, dúvidas e alegrias de quem vai ser pai

Muita coisa mudou, é claro. Mas a insegurança das gerações passadas permanece igualzinha e os futuros papais ainda se perguntam: “Serei capaz de proteger minha família e de suprir suas necessidades?” Convenhamos, a exigência não é pouca, sobretudo nos difíceis dias de hoje.

Ainda mais que às necessidades financeiras – casa maior, conforto, roupa, escola – somam-se aquelas de origem afetiva, que eles modernamente não abrem mão de assumir também. Querem estar próximos dos filhos, acompanhar seu desenvolvimento e suas conquistas diárias. Ser um pai amigo, confidente, um grande companheiro. Assim, não é de estranhar que o homem se questione: “Será que vou dar conta de tudo isto?”

Minha mulher corre algum risco?

Revoluções hormonais ocorrem e acarretam sintomas como enjôos freqüentes, tontura, azia, pernas inchadas, falta de ar... Muitas mulheres têm uma predisposição genética para desenvolver hipertensão arterial e diabetes durante a gestação, outras devem ficar na cama por semanas ou meses na tentativa de evitar o parto prematuro. Não é à toa que se ouve dizer: a gravidez é uma loteria, não se pode adivinhar o que vai acontecer.

Todos estes problemas podem ser afastados, com os devidos cuidados médicos. Mas quando estão em jogo pessoas tão queridas, como não ficar um pouquinho assustado? Acompanhar cada consulta do pré-natal, tirar as dúvidas com o obstetra e procurar se manter bem informado sobre os fatos normais da gestação, porém, contribuem para que o papai deite a cabeça no travesseiro e consiga dormir melhor e mais sossegado.

Tenho que estar na sala de parto?

A televisão e os livros estão cheios de relatos emocionantes de homens que não saíram de perto de suas mulheres durante o trabalho de parto, viram a cabecinha do bebê despontar e o seguraram no colo, mal ele abria os olhinhos para o mundo. Quem não quer fazer o mesmo? Só que para alguns, os cheiros do hospital, a visão de uma seringa, um bisturi entrando em ação e, principalmente, de sangue dão calafrios. É coisa de infância, sempre foi assim.

Esta incapacidade de estar perto da mulher amada na hora H, pode virar um pesadelo. Sobretudo, agora, quando há toda uma cobrança a respeito. Mas quem disse que o pai tem que estar lá, que isto é uma obrigação? Simplesmente, há quem prefira ficar recolhido em silêncio, rezando ou partilhando a espera com o resto da família, fora da sala de parto. Nesta decisão, é importante sentir-se à vontade. E, além disto, a história está apenas começando. Existe todo um futuro pela frente para que pai e filho se conheçam e se amem.

“Ficarei confortável em assistir o parto?” Quando a resposta sincera é o “sim” não há o que temer. Basta ir em frente, carregando consigo a gostosa certeza de que vai desfrutar grandes momentos. E ao vivo. Porém, não perca minutos preciosos filmando sem parar, ou fotografando de forma compulsiva. Aproveite tudo o que a retina conseguir reter e armazenar em seu cérebro. Estas são as verdadeiras imagens, as que importam.

E não é só o desejo do homem que deve ser levado em consideração, mas sim o conforto de todos os envolvidos naquele momento: ele mesmo, sua mulher e a equipe médica. Se houver prenúncios de um nascimento complicado, por exemplo, talvez seja recomendável que o papai fique lá fora.

Meu filho será perfeito?

Logo que o bebê nasce, o que costuma fazer o pai? Por rápidos instantes, observa com atenção o corpinho do filho, verifica se está tudo bem com as orelhas, se os dedinhos estão no lugar... Depois, respira aliviado e vai curtir o grande acontecimento. O que se entende daí? Que durante nove meses ele esteve, tanto quanto sua mulher, feliz e orgulhoso mas igualmente envolvido com dúvidas e medos. Ter um bebê perfeito e saudável é tudo o que deseja, enquanto observa aquela barriga crescer guardando dentro tantos segredos. Por esta razão, muitos homens se tornam desatentos no trabalho ou parecem ter perdido o antigo apetite.

Será que vou ficar esquecido?

Até o momento em que o bebê anuncia sua chegada, eles vivem um para o outro. E só. Agora, o triângulo está formado e o casal vira uma família. Muitas mulheres absorvidas pelas emoções e os novos (e pesados!) encargos voltam-se exclusivamente para o filho, deixando o marido de lado. Ele que já foi o protagonista da relação, de um instante para o outro, passa a ser um mero extra. É lembrado apenas quando alguém tem que pegar a mamadeira na cozinha, a toalha que ficou no secador, ou sair tarde da noite para comprar fraldas. Todos nós conhecemos a cena. O futuro-papai também e, é claro, quer fugir dela.

Teme ainda ser rotulado de desajeitado, parecendo incapaz de cuidar do filho sozinho, sem o olhar vigilante da mamãe-sabe-tudo. Este tipo de situação representa uma perda para todos três e tem somente uma saída: caso a mulher não abra este espaço, cabe ao pai ocupá-lo de qualquer forma, usando de muita sensibilidade, mas insistindo em desempenhar junto do bebê o papel que, de fato, lhe cabe.

Digamos que ninguém exagera ao mencionar a sua falta de experiência com crianças ou mesmo de jeito ao segurá-las no colo, acalmar ou dar um banho. Trata-se de um “know-how” que se adquire apenas repetindo muitas e muitas vezes a mesma tarefa. Pessoa alguma nasce sabendo, mas a prática ensina todos os segredos, se é que tem tantos assim. Abaixo aquela falsa verdade de que “mulheres é que sabem cuidar de bebês”. O papai cuida igualmente bem, com o mesmo carinho. Basta que ele queira e acredite que é assim.


Sylvia Leal
Consultoria: Dra. Cristina Milanez Werner, Mestre em Psicologia Clínica e Especialista em Terapia Familiar Sistêmica

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Em homenagem ao meu querido esposo

Medos, dúvidas e alegrias de quem vai ser pai

Muita coisa mudou, é claro. Mas a insegurança das gerações passadas permanece igualzinha e os futuros papais ainda se perguntam: “Serei capaz de proteger minha família e de suprir suas necessidades?” Convenhamos, a exigência não é pouca, sobretudo nos difíceis dias de hoje.

Ainda mais que às necessidades financeiras – casa maior, conforto, roupa, escola – somam-se aquelas de origem afetiva, que eles modernamente não abrem mão de assumir também. Querem estar próximos dos filhos, acompanhar seu desenvolvimento e suas conquistas diárias. Ser um pai amigo, confidente, um grande companheiro. Assim, não é de estranhar que o homem se questione: “Será que vou dar conta de tudo isto?”

Minha mulher corre algum risco?

Revoluções hormonais ocorrem e acarretam sintomas como enjôos freqüentes, tontura, azia, pernas inchadas, falta de ar... Muitas mulheres têm uma predisposição genética para desenvolver hipertensão arterial e diabetes durante a gestação, outras devem ficar na cama por semanas ou meses na tentativa de evitar o parto prematuro. Não é à toa que se ouve dizer: a gravidez é uma loteria, não se pode adivinhar o que vai acontecer.

Todos estes problemas podem ser afastados, com os devidos cuidados médicos. Mas quando estão em jogo pessoas tão queridas, como não ficar um pouquinho assustado? Acompanhar cada consulta do pré-natal, tirar as dúvidas com o obstetra e procurar se manter bem informado sobre os fatos normais da gestação, porém, contribuem para que o papai deite a cabeça no travesseiro e consiga dormir melhor e mais sossegado.

Tenho que estar na sala de parto?

A televisão e os livros estão cheios de relatos emocionantes de homens que não saíram de perto de suas mulheres durante o trabalho de parto, viram a cabecinha do bebê despontar e o seguraram no colo, mal ele abria os olhinhos para o mundo. Quem não quer fazer o mesmo? Só que para alguns, os cheiros do hospital, a visão de uma seringa, um bisturi entrando em ação e, principalmente, de sangue dão calafrios. É coisa de infância, sempre foi assim.

Esta incapacidade de estar perto da mulher amada na hora H, pode virar um pesadelo. Sobretudo, agora, quando há toda uma cobrança a respeito. Mas quem disse que o pai tem que estar lá, que isto é uma obrigação? Simplesmente, há quem prefira ficar recolhido em silêncio, rezando ou partilhando a espera com o resto da família, fora da sala de parto. Nesta decisão, é importante sentir-se à vontade. E, além disto, a história está apenas começando. Existe todo um futuro pela frente para que pai e filho se conheçam e se amem.

“Ficarei confortável em assistir o parto?” Quando a resposta sincera é o “sim” não há o que temer. Basta ir em frente, carregando consigo a gostosa certeza de que vai desfrutar grandes momentos. E ao vivo. Porém, não perca minutos preciosos filmando sem parar, ou fotografando de forma compulsiva. Aproveite tudo o que a retina conseguir reter e armazenar em seu cérebro. Estas são as verdadeiras imagens, as que importam.

E não é só o desejo do homem que deve ser levado em consideração, mas sim o conforto de todos os envolvidos naquele momento: ele mesmo, sua mulher e a equipe médica. Se houver prenúncios de um nascimento complicado, por exemplo, talvez seja recomendável que o papai fique lá fora.

Meu filho será perfeito?

Logo que o bebê nasce, o que costuma fazer o pai? Por rápidos instantes, observa com atenção o corpinho do filho, verifica se está tudo bem com as orelhas, se os dedinhos estão no lugar... Depois, respira aliviado e vai curtir o grande acontecimento. O que se entende daí? Que durante nove meses ele esteve, tanto quanto sua mulher, feliz e orgulhoso mas igualmente envolvido com dúvidas e medos. Ter um bebê perfeito e saudável é tudo o que deseja, enquanto observa aquela barriga crescer guardando dentro tantos segredos. Por esta razão, muitos homens se tornam desatentos no trabalho ou parecem ter perdido o antigo apetite.

Será que vou ficar esquecido?

Até o momento em que o bebê anuncia sua chegada, eles vivem um para o outro. E só. Agora, o triângulo está formado e o casal vira uma família. Muitas mulheres absorvidas pelas emoções e os novos (e pesados!) encargos voltam-se exclusivamente para o filho, deixando o marido de lado. Ele que já foi o protagonista da relação, de um instante para o outro, passa a ser um mero extra. É lembrado apenas quando alguém tem que pegar a mamadeira na cozinha, a toalha que ficou no secador, ou sair tarde da noite para comprar fraldas. Todos nós conhecemos a cena. O futuro-papai também e, é claro, quer fugir dela.

Teme ainda ser rotulado de desajeitado, parecendo incapaz de cuidar do filho sozinho, sem o olhar vigilante da mamãe-sabe-tudo. Este tipo de situação representa uma perda para todos três e tem somente uma saída: caso a mulher não abra este espaço, cabe ao pai ocupá-lo de qualquer forma, usando de muita sensibilidade, mas insistindo em desempenhar junto do bebê o papel que, de fato, lhe cabe.

Digamos que ninguém exagera ao mencionar a sua falta de experiência com crianças ou mesmo de jeito ao segurá-las no colo, acalmar ou dar um banho. Trata-se de um “know-how” que se adquire apenas repetindo muitas e muitas vezes a mesma tarefa. Pessoa alguma nasce sabendo, mas a prática ensina todos os segredos, se é que tem tantos assim. Abaixo aquela falsa verdade de que “mulheres é que sabem cuidar de bebês”. O papai cuida igualmente bem, com o mesmo carinho. Basta que ele queira e acredite que é assim.


Sylvia Leal
Consultoria: Dra. Cristina Milanez Werner, Mestre em Psicologia Clínica e Especialista em Terapia Familiar Sistêmica